(n. 1945) é um dos autores mais inclassificáveis da literatura portuguesa contemporânea. Natural da Beira Interior, foi professor de filosofia, mas ao seu nome está sobretudo associada uma experimentação singular da escrita literária, num percurso que se estende ao longo de mais de cinquenta anos. A imagem do poema contínuo (Herberto Helder) é legitimamente convocável para este efeito: de Sauromaquia (1974) a títulos como Grito (1997), O Choro É Um Lugar Incerto (2006) ou o mais recente Neve, Cão e Lava (2023), persiste um mesmo olhar focado intensamente na suspeição face à língua, na decadência do corpo, na necessidade intransigente de dizer o mundo na sua desprotecção absoluta.